domingo, 13 de setembro de 2009

Perfiro andar só

Andar pelas ruas da cidade, a grande, comigo mesma, prefiro andar só, assim posso sentir o vento frio, a chuva, divagar sobre a vida tão bela e tão clássica vida que é a minha, assim como um filme de fim de tarde em casa, enquanto chove na porta de vidro, assim como uma série americana, assim como Stacy, Felicity, algo que se enquadre na realidade verdadeira, nas coisas que acontecem na rotina da solitária e agitada vida urbana, com uma fotografia um pouco escura e o enquadramento geral, o BG é só um detalhe, mas com músicas calmas.
Envolvida no meu mundo egocentricamente e egoistamente tão meu, eu sempre aviso: Sou acrílica. Eu te avisei. Não existe em mim nenhum sentimento que eu possa dividir com um ser oposto, nenhuma emoção, nenhum brilho nos olhos, nenhuma lágrima, nenhum sorriso doce, nenhuma saudade, nenhuma vontade de estar junto, nenhuma necessidade de viver isto ou aquilo, nada, nada mais, em mim só existe o tão belo e artisticamente lindo vazio, a frieza e a indiferença, não há mais comoção, não mais, só febres e prazeres momentâneos, somente isto, nada mais.
Prefiro viver no meu mundo acrílico, viver meu Rio de Janeiro aqui mesmo onde eu estiver, família sempre, vida família, padarias, cafés, pão na chapa, sala 1/7, ritual do corpo 1/7, minha vaidade no vestir, no calçar, nos produtos de beleza, sexy underclothes, maquiagem básico dia e sexy night, meus jornais, revistas femininas, escrevendo sempre, meu narcisismo, minha simplicidade, minhas compras básicas. Semana de chuva, domingo de sol, fim de semana de neve. Eu sempre digo, eu avisei e sempre aviso, eu sempre repito e deixo bem claro e repetidamente afirmo: Sou acrílica, há muita sorte no jogo, prefiro ser assim, eu mesma, sem máscaras, nada de tinta óleo, não mesmo, eu sou acrílica, nas padarias em dias e noites de chuva, de neve, andando nas ruas da cidade, a grande, prefiro andar sozinha, como um seriado, um filme americano, como Felicity, Stacy, Jones, Jena, assim posso divagar e refletir sobre a tão solitária e agitada vida urbana, da cidade, a grande.

Daniele Nascimento

Um comentário:

  1. Deixa de mentira! Vai me dizer que nao queria estar aqui comigo nessa cidade fria (de verdade) compartindo, nao um sorriso, mas umas boas gargalhadas...?

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