domingo, 30 de agosto de 2009

Aquele quase nenhum sorriso

Na verdade gosto mesmo é dos estranhos, dos esquisitos, dos tristes, dos que carregam aquela tristeza no olhar, que os torna frágeis e ao mesmo tempo fortes, na tentaviva constante de se preservar, de se defender, de se guardar. Me atraem os sérios, aqueles sérios e confusos e com quase nenhum sorriso, aqueles que riem pouco, muito pouco e que se aguarda ansiosamente por aqueles tão poucos e esperados sorrisos.
Me chama a atenção os apagados, os que se escondem, esses sim eu consigo ver, os que se escondem atrás de uma seriedade tão visível, de uma timidez tão confusa, esses sim consigo enxergar nitidamente. Os que andam num fim de tarde, os que lêem um jornal, um livro enquanto tomam um café, sozinhos e calados e com aquele olhar tão triste, tão triste que chega a ser doce misturado  com aquele meio sorriso.
Meus olhos fixam naqueles, nos anti sociais, nos que se preservam, nos que não gostam de quase ninguém, nos que tentam fugir sempre e sempre, nos que são intrigantes, desafiadores e envolventes, aqueles que assim como eu são sempre e sempre assim, sempre foram assim. Com os olhos tristes, tão tristes, que são tão doces e conseguem mesmo que sem perceber, fixar meu olhos que também são tristes, tão tristes e baixos, aquele olhar caído e aquele quase nenhum sorriso.

Daniele Nascimento

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Esperando a próxima pincelada

Mais uma vez aqui, em mais uma das noites daquelas noites, e o pior; feriado, a banquinha está fechada, agora com o que irei aliviar a tensão da minha incapacidade de ser, que máscara vou usar? Ouvindo aquela velha música um milhão de vezes, o meu pessimismo racional se confirmou (como já era esperado), minhas neuropsicopolaridades aumentam e a banquinha está fechada, e agora onde vou encontrar aquela válvula de escape?
Ah acreditam que sou aquilo que me pintam: Um quadro de frutas e flores ( e eu que odeio quadros de flores ou frutas) exposto e pendurado numa parede pálida e fria. Me moldam, me recriam com tinta óleo, como um manancial de prazeres, onde olham, admiram, usam de fantasias, compram e mais uma vez me expõem e me penduram numa parede pálida.
Na verdade sou um quadro surreal que nunca é terminado, sempre naquele velho cavalete, esperando pela próxima pincelada, pinceladas de tinta acrílica, que surgem de momentos de delírios e que desenham traços sem nenhum nexo aparente, (aparente) um quadro que não quer ser exposto numa parede pálida e fria, prefiro ficar no cavalete, esperando a próxima pincelada.

Daniele Nascimento

Um pouco de realidade

Um pouco de realidade. Não necessariamente a realidade pessoal, vista e sentida e tocada, mas também não o iceberg que antes e ultimamente existia e existe e quem sabe infelizmente voltará a existir para sempre (ah esse meu pessimismo racional).
Um pouco daquela realidade já esquecida e ignorada há tempos. Um pouco de visão, de sorrisos vistos e sentidos, ainda que de maneira um pouco distorcida e lenta e com falhas, porém mais real que os subentendidos tic tacs silenciosos.
Como que num documentário real e ilusionista, algumas horas de quem sabe verdades, mentiras, mentiras, verdades, em meio a sorrisos tão doces e olhos tão tristes e confusos e que na realidade não se conhece, não se sabe se realmente são tristes, mas afinal quem se conhece? Ninguém, ninguém.
Esse pequeno pedaço de realidade talvez irreal (ah esse meu pessimismo racional) me provoca o sentido e de acordo com a definição: “Os sentidos são os meios através dos quais os seres vivos percebem e reconhecem outros organismos”, isso pode definir então que ainda existe vida, talvez, quem sabe ainda exista a vida.

Daniele Nascimento

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Devaneios

Nesses dias, devaneios tolos me remetem a real necessidade já esquecida, ignorada e desprezada por mim. Devaneios insanos me remetem a real inatingível e frustante necessidade pálida e mórbida, já ignorada e desprezada por mim.
Eu, que ando cansada do superficial, do impessoal, do pré julgamento, do fictício, do atual, dessa modernidade fria e congelada.
Outra coisa me sufoca e incomoda: Qual a reação de vocês, quando pes
soalmente notarem que a boneca virtual tem vida, sente, chora, rí e te toma???

Daniele Nascimento